A
minha Márcia tinha
Uma
fruta muito bela,
Não
no miolo, na casca
Era
todo o gosto dela.
Ainda
me lembra
Que
gosto, que luta
Eu
tive, tirando
A
casca da fruta!
Entre
dois troncos bem grossos,
A
frutinha se escondia,
Às
vezes viam-se os troncos,
A
fruta nunca se via.
Ainda
me lembra
Que
gosto, que luta
Eu
tive, tirando
A
casca da fruta!
Por
mais verde que ela esteja
Sempre
tem certa doçura,
Mostra
o verdor no tamanho,
Rachada
quanto madura.
Ainda
me lembra
Que
gosto, que luta
Eu
tive, tirando
A
casca da fruta!
Antes
de tirar-lhe a casca
O
meu bem tanto a zelava
Que
se eu punha a mão nos troncos
Quase
sempre se zangava!
Ainda
me lembra
Que
gosto, que luta
Eu
tive, tirando
A
casca da fruta!
Duas
rainhas mostrava
A
natureza só nelas,
Era
a rainha das frutas
Com
a rainha das belas.
Ainda
me lembra
Que
gosto, que luta
Eu
tive, tirando
A
casca da fruta!
Meu
bem, da rival zelosa,
Para
sugar-lhe a doçura,
Tinha
com força apertado
A
boca na rachadura.
Ainda
me lembra
Que
gosto, que luta
Eu
tive, tirando
A
casca da fruta!
Prostrei-me
a seus pés, tremendo
Em
doce, amoroso abalo,
Exigindo
ser pra sempre
Destas
rainhas vassalo.
Ainda
me lembra
Que
gosto, que luta
Eu
tive, tirando
A
casca da fruta!
Hesitou
Márcia um momento,
Porém
eu tanto roguei
Que
ali mesmo no jardim
O
meu despacho alcancei.
Ainda
me lembra
Que
gosto, que luta
Eu
tive, tirando
A
casca da fruta!
Consentiu,
pra que eu sentisse
Desse
seu fruto a doçura,
Que
eu pusesse a mão no pomo
E
a boca na rachadura.
Ainda
me lembra
Que
gosto, que luta
Eu
tive, tirando
A
casca da fruta!
Não,
meu bem! dizia ela
Toda
pia e resoluta;
Sem
falar com o vigário,
Não
me toque nesta fruta!
Ainda
me lembra
Que
gosto, que luta
Eu
tive, tirando
A
casca da fruta!