Claudio Rodríguez
Fer
Todo labirinto sai do
meio das virilhas,
onde os centro se
bifurcam em ípsilon
para a morada matriz,
vagina e vulva.
Nunca muros nos óvulos do
universo
e nunca túneis para
vermes de luz:
o machado ritual de dois
gumes
batendo nos lábios das
vulvas vasilhas
com as suas asas de
borboleta urgente
até que estalam rizomas
de açafrão infinito.
Touros brancos ruminam
tempo e espaço
de donas das bestas com
felinos na testa:
a das serpes no colo e
nos braços,
a das cobras apanhadas
com as mãos,
a dos peitos da vida
oferendada
pelo ubres das vacas do
leite preto.
São as bestas vermelhas
do lírio
queimando o fio do novelo
dos fluxos
nas ondas telúricas da
vagina da terra,
onde voam as golfinhas
nuas,
onde nadam as perdizes
despidas,
onde pasce estrelas o
minotauro azul.
Útero labirinto das
vulvas,
labareda de lábeis lábios
em limiares de limiares
sem limites.
(Cnossos, Creta)
(Trad. Saturnino
Valladares)