Amigos da Alcova

domingo, 21 de julho de 2019

O labirinto das vulvas



Claudio Rodríguez Fer


Todo labirinto sai do meio das virilhas,
onde os centro se bifurcam em ípsilon
para a morada matriz, vagina e vulva.

Nunca muros nos óvulos do universo
e nunca túneis para vermes de luz:
o machado ritual de dois gumes
batendo nos lábios das vulvas vasilhas
com as suas asas de borboleta urgente
até que estalam rizomas de açafrão infinito.

Touros brancos ruminam tempo e espaço
de donas das bestas com felinos na testa:
a das serpes no colo e nos braços,
a das cobras apanhadas com as mãos,
a dos peitos da vida oferendada
pelo ubres das vacas do leite preto.

São as bestas vermelhas do lírio
queimando o fio do novelo dos fluxos
nas ondas telúricas da vagina da terra,
onde voam as golfinhas nuas,
onde nadam as perdizes despidas,
onde pasce estrelas o minotauro azul.

Útero labirinto das vulvas,
labareda de lábeis lábios
em limiares de limiares sem limites.
(Cnossos, Creta)

(Trad. Saturnino Valladares)



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