Adélia Prado
Meu coração bate
desamparado
onde minhas pernas se
juntam.
É tão bom existir!
Seivas, vergônteas,
virgens,
tépidos músculos
que sob a roupa
rebelam-se.
No topo do altar ornado
com flores de papel e
cetim
aspiro, vertigem de
altura e gozo,
a poeira nas rosas, o
afrodisíaco
incensado ar de velas.
A santa sobre os abismos –
à voz do padre abrasada
eu nada objeto,
lírica e poderosa.