Sosígenes Costa (1901-1968)
Ô Maria Madalena,
não deites mirra em meu
corpo
que tenho a pele cortada
e estou com o peito
ferido.
Não gastes tantos
perfumes
que Judas pode falar.
Eu quero apenas um beijo
da tua boca vermelha,
pois ela tem mais aroma
do que cem libras de
mirra.
Não deixes que as pombas
venham
pousar aqui no meu ombro
pois o meu ombro é uma
chaga
e estou com o peito
sangrando.
Por que tu és tão
romântica
e vives me perfumando
com esse nardo celeste
lá dos jardins de Engadi?
Por que me tratas, Maria,
como se eu fosse as
gazelas
que estão nos montes de
aromas?
Ô Maria Madalena
que vens com a brisa da
aurora,
tu és uma prostituta
e eu gosto tanto de ti!