Marcial (40-104)
Filene,
o sapatão, agarra até
Os
garotos por trás, e, mais tesuda
Que
um macho fogoso, traça meninas
Pela
dúzia, num só dia: arregaça a saia,
Joga
pelota, passa pelo corpo
O
polvilho amarelo dos atletas;
Com
braço musculoso e ágil, lança
Longe
o peso de chumbo, desafio
A
barbados, e sai, suja de lama,
Do
campo, para as mãos do massagista
Oleoso,
que a lanha às vergastadas;
Não
ceia reclinada sem primeiro
Vomitar
sete garrafas de vinho,
E
mais sete — depois de deglutir
Dezesseis
bolos de carne. No fim,
Acometida
de tesão, não chupa
Pau
(“Não é coisa de homem”): devora
As
chanas das meninas. Mas que os deuses,
Filene,
deem um jeito em sua cuca:
Não
creia ser viril chupar boceta.
(Trad. Décio Pignatari)