Amigos da Alcova

segunda-feira, 3 de março de 2014

Filene, o sapatão



Marcial (40-104)
 
 
 
Filene, o sapatão, agarra até

Os garotos por trás, e, mais tesuda

Que um macho fogoso, traça meninas

Pela dúzia, num só dia: arregaça a saia,

Joga pelota, passa pelo corpo

O polvilho amarelo dos atletas;

Com braço musculoso e ágil, lança

Longe o peso de chumbo, desafio

A barbados, e sai, suja de lama,

Do campo, para as mãos do massagista

Oleoso, que a lanha às vergastadas;

Não ceia reclinada sem primeiro

Vomitar sete garrafas de vinho,

E mais sete — depois de deglutir

Dezesseis bolos de carne. No fim,

Acometida de tesão, não chupa

Pau (“Não é coisa de homem”): devora

As chanas das meninas. Mas que os deuses,

Filene, deem um jeito em sua cuca:

Não creia ser viril chupar boceta.
 
 
(Trad. Décio Pignatari)

 

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