Amigos da Alcova

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O lupanar


Augusto dos Anjos (1884-1914)

 

Ah! Por que monstruosíssimo motivo
Prenderam para sempre, nesta rede,
Dentro do ângulo diedro da parede,
A alma do homem polígamo e lascivo?!
 
Este lugar, moços do mundo, vede:
É o grande bebedouro coletivo,
Onde os bandalhos, como um gado vivo,
Todas as noites, vêm matar a sede!

É o afrodístico leito do hetairismo,
A antecâmara lúbrica do abismo,
Em que é mister que o gênero humano entre,


Quando a promiscuidade aterradora
Matar a última força geradora
E comer o último óvulo do ventre!


 

Voyeurs desde o Natal de 2009