Amigos da Alcova

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nesse bar repleto de idiotas nós dois

Paul Verlaine (1844-1896)



Nesse bar repleto de idiotas nós dois,
Só nós dois encarnávamos o tal horrível
Vício de “gostar de homem” e sem perceberem,
Íamos fodendo esses babacas de ar bem-posto,
Seus amores normais e sua moral fingida.
Enquanto isso tocávamos punheta a mil,
De lado, de frente, em diagonal, sem que
Ninguém se desse conta, envoltos em fumaça
Dos cachimbos (como certa vez Zeus com Hero).
Nossas picas, como narizes Karragheus*
Que nossas mãos secassem num gesto gostoso,
Espirravam jatos de porra sob a mesa.


(Trad. Heloisa Jahn)

(*) Personagem oriundo do teatro turco;
tipo esperto e vulgar, com um membro de grandes dimensões.

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