Amigos da Alcova

domingo, 11 de maio de 2025

apetite

 


Marta Cortezão

 

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável.

Eu sou.

(Adélia Prado)

 

no vão do interdito

é que mora a poesia

que samba na tua cara

só de pilhérica sacanagem

gargalhando metalinguagem

 

minha gruta melopeia

decompõe teorias e cios

cavalgando o gozo pleno

em delirante sinestesia

só para descompassar

teu ritmo sisudo

e envolve-lo no meu sexo

de metonímias e arrepios

 

minha língua devora

teu verso ereto

com apetite de Lilith

só para descompassar

teu ritmo sisudo

e quebrá-lo na praia

de minhas nádegas

feitas de nuas metáforas

 

minha vulva vibra

em frequência sibilante

e sangra o ciclo da vida

 

no universo uterino

– escultor profissional

de mágicas epifanias –

só para descompassar

teu ritmo sisudo

e te afogar num afoito pleonasmo

de esperança verde muiraquitã



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