Amigos da Alcova

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Não há por que falar de feitiços


Juvenal (60-140)


Não há por que falar de feitiços, elixires,
Ou de poções letais da madrasta aos afilhados:
É o sexo que leva ao mulher ao crime, a luxúria.
Por que o marido de Cesênia a tem por santa?
Ela lhe deu um milhão: é o preço da pureza.
As marcas, as olheiras fundas, o fogo aceso
Pouco têm a ver com amor, muito com dote.
A tal preço, ela é livre, pode marcar encontros
Ou receber recados do amante, na presença
Do marido: quem é rica e casa com pão-duro
Pode reclamar os seus direitos de viúva...


(Trad. Décio Pignatari)

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Nem mesmo uma mulher ousa falar


Marcial (40-104)


Nem mesmo uma mulher ousa falar
Do seu rosto, e seu corpo é sem defeito.
Como se explica, então, que nenhum homem
Queira foder você mais de uma vez?
Aí há coisa, e muito grave, Gala.
Quando me achego e brota o prazer mútuo
Dos púbis e dos órgãos se esfregando,
Sua boca cala e sua boceta fala!
Prouvesse aos deuses o contrário: estou
Farto da falação da sua xoxota.
Prefiro peidos: são saudáveis, Símaco
Afirma, e dão motivo a boas risadas.
Cona que estala a língua me chateia:
Se a flauta é deprimente, a cobra abaixa.
Feche a xoxota, pois, e abra a boca;
Mas se for mesmo muda, ensine
Essa crica a falar alguma língua.


(Trad. Décio Pignatari)

Voyeurs desde o Natal de 2009