Amigos da Alcova

segunda-feira, 31 de março de 2014

Lábios que beijei 16




Zemaria Pinto
Amarílis


Óculos fundo de garrafa, cabelos curtos em desalinho, ombros largos, Amarílis estava longe de ser considerada bonita, mas exercia sobre mim um fascínio que ainda hoje me acende a libido: os lábios largos, associados às coxas fartas que os shorts costumeiros não procuravam esconder, e uma bunda que eu adivinhava sob a roupa a mais gostosa das meninas da rua. Moleques, vivíamos aos abraços, o que me provocava ereção e a urgência do alívio. Uma vez, eu tentava sair de fininho, ela provocou: – Eu sei o que você vai fazer... Vem aqui... Estávamos a sós na casa dela. Amarílis baixou meu calção, meu suporte, e com uma delicadeza insuportável masturbou-me. Com o tempo, aprendi a alongar aqueles momentos de prazer, coroados nos largos lábios de Amarílis, a bela.
(Para ler outros contos desta série, clique em Lábios que beijei.)

segunda-feira, 17 de março de 2014

The waste language




Bráulio Tavares



cu

pau

xota

culhão

 

neocolonialismo

nacional-socialismo

maxidesvalorização

 

qual a régua

qual a regra

pra se medir palavrão?

segunda-feira, 3 de março de 2014

Filene, o sapatão



Marcial (40-104)
 
 
 
Filene, o sapatão, agarra até

Os garotos por trás, e, mais tesuda

Que um macho fogoso, traça meninas

Pela dúzia, num só dia: arregaça a saia,

Joga pelota, passa pelo corpo

O polvilho amarelo dos atletas;

Com braço musculoso e ágil, lança

Longe o peso de chumbo, desafio

A barbados, e sai, suja de lama,

Do campo, para as mãos do massagista

Oleoso, que a lanha às vergastadas;

Não ceia reclinada sem primeiro

Vomitar sete garrafas de vinho,

E mais sete — depois de deglutir

Dezesseis bolos de carne. No fim,

Acometida de tesão, não chupa

Pau (“Não é coisa de homem”): devora

As chanas das meninas. Mas que os deuses,

Filene, deem um jeito em sua cuca:

Não creia ser viril chupar boceta.
 
 
(Trad. Décio Pignatari)

 

Voyeurs desde o Natal de 2009