Amigos da Alcova

sábado, 30 de julho de 2011

Soneto XLVII

Bocage (1765-1805)
 


“Mas se o pai acordar!…” (Márcia dizia
A mim, que à meia-noite a trombicava)
“Hoje não…” (continua, mas deixava
Levantar o saiote, e não queria!)

Sempre em pé a dizer: “Então, avia…”
Sesso à parede, a porra me aguentava:
Uma coisa notei, que me arreitava,
Era o calçado pé, que então rangia:

Vim-me, e assentado num degrau de escada,
Dando alimpa ao caralho, e mais à greta,
Nos preparamos para mais porrada:

Por variar, nas mãos meti-lhe a teta;
Tosse o pai, foge a filha… Oh vida errada!
Lá me ficou em meio uma punheta!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A poesia do sexo

Marco Adolfs



Minhas mãos percorrem o teu tesão;
Falo primeiro, em penetração;
Meus sussurros são ácidos e metálicos;
Línguas em estalos priápicos;
Uma flor abre-se no meio do teu corpo;
Vermelha, orvalhada, cheirosa... segredo;
Vou entre carícias orquestradas e pensadas;
Fazendo-te derreter nos lençóis;
Meu falo, intacto no ato, é teu Sol;
Naquele movimento suave de vai-e-vem;
Em raios, suados...
Teus gritos; meus ditos; no vício de amar;
Na espera...hum!...na espera...ha!...
Do teu e do meu gozar...
Aaahhh!!!...O verbo Amar.

domingo, 24 de julho de 2011

Sob a lona

Leila Miccolis




Um dia a mulher barbada

me chamou.

Perguntou se eu não queria

umas entradas para o circo,

se eu preferia o palhaço ao anão,

se iria à tenda dela.

Desde então,

foi em seu peito cabeludo,

em suas barbas macias

que após o show, toda noite,

eu me afundava

e dormia.

terça-feira, 19 de julho de 2011

donzela, não temas

Hélio Póvoas Junior




donzela, não temas
meu assédio parco
em galanteios ébrios

donzela, não queiras
meu amargo trato
em questões ligeiras

donzela, não teimes
em quere-me fruto
de galhos inférteis

donzela, não sejas
assim tão donzela
de mim tão poeta

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Caminhos

Stela Fonseca



Sobre meu corpo

suas mãos


carinhos


abrem os caminhos

que levam ao prazer.

domingo, 10 de julho de 2011

Na lua cheia

Simão Pessoa



De madrugada

veio o boto e emprenhou

a empregada



Maior confusão

ver que o tal do boto

era o patrão

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Exigência

Leila Miccolis




Meu homem eu quero,

enquanto puder,

molhado e úmido

como mulher.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sonetos Luxuriosos – 26

Aretino (1492-1556)



Estes nossos sonetos do caralho,
Que falam só de cu, caralho, cona,
E feitos a caralho, a cu, a cona,
Semelham vossas caras de caralho.

Trouxestes cá, poetas do caralho,
As armas para por em cu e cona.
Sois feitos a caralho, a cu, a cona,
Produtos de grã cona e grã caralho.

E se furor, oh gente do caralho,
Vos falta, ficareis no pica-cona,
Como acontece amiúde co’o caralho.

Aqui termino esta questão da cona
P’ra não entrar no bando do caralho,
E, caralho, vos deixo em cu e cona.

Quem perversões tenciona
Aqui nestas asneiras logo as lê.
Que mau ano e mau tempo Deus lhe dê.


(Trad. José Paulo Paes)

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