Amigos da Alcova

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Ninfomaníaca

Sandra Terra



trepo com tudo

e com todos

tarada por opção

gozo gozo gozo

e nunca perco o tesão

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Vá pra puta que o pariu!

Laurindo Rabelo (1826-1864)

Mote:
Vá pra puta que o pariu!
Glosa

Certa sujeita do paço

Um amante namorava,

Com quem se punheteava,

Com todo o desembaraço;

Ele quis ir-lhe ao cabaço

Mas ela lhe retorquiu:

“Gentes, pois já se viu?

Arre lá, arrede a trouxa!

Se já não lhe serve a coxa,

Vá pra puta que o pariu!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Certa mulher de um Marquês

Laurindo Rabelo (1826-1864)



Certa mulher de um Marquês

Fodi por coisa nenhuma,

Mas fodi somente uma,

Deus me livre de outra vez!

A tal putinha me fez

Na porra tal desatino,

Com seu rebolar malino

Pôs-me a mente tão corrupta

Que julguei no cu da puta

Encontrar o Palatino!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Salmo

Ulisses Tavares



Somos todos irmãos
filhos da puta
                               ou não

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Sofisma

Tanussi Cardoso




Bunda é bunda

: não tem sexo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A cópula

Manuel Bandeira (1886-1968)




Depois de lhe beijar meticulosamente
o cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce,
o moço exibe à moça a bagagem que trouxe:
culhões e membro, um membro enorme e turgescente.

Ela toma-o na boca e morde-o. Incontinenti,
Não pode ele conter-se, e, de um jacto, esporrou-se.
Não desarmou porém. Antes, mais rijo, alteou-se
E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente

Que vai morrer: – “Eu morro! Ai, não queres que eu morra?!”
Grita para o rapaz que, aceso como um diabo,
Arde em cio e tesão na amorosa gangorra

E titilando-a nos mamilos e no rabo
(Que depois irá ter sua ração de porra),
lhe enfia cona adentro o mangalho até o cabo.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O elixir do pajé

Bernardo Guimarães (1825-1884)




Que tens, caralho, que pesar te oprime
Que assim te vejo murcho e cabisbaixo,
Sumido entre essa imensa pentelheira,
Mole, caindo pela perna abaixo?

Nessa postura merencória e triste,
Para trás tanto vergas o focinho,
Que cuido vais beijar, lá no traseiro,
       Teu sórdido vizinho!

Que é feito desses tempos gloriosos
Em que erguias as guelras inflamadas,
Na barriga me dando de contínuo
       Tremendas cabeçadas?

Qual hidra furiosa, o colo alçando,
Co’a sanguinosa crista açoita os mares,
       E sustos derramando
       Por terras e por mares,
Aqui e além atira mortais botes,
Dando co’a cauda horríveis piparotes,
       Assim tu, ó caralho,
Erguendo o teu vermelho cabeçalho,
Faminto e arquejante,
Dando em vão rabanadas pelo espaço,
       Pedias um cabaço!
Um cabaço! Que era este o único esforço,
Única empresa digna dos teus brios;
Porque surradas conas e punhetas
       São ilusões, são petas,
Só dignas de caralhos doentios.

Quem extinguiu-te assim o entusiasmo?
Quem sepultou-te nesse vil marasmo?
       Acaso p’ra teu tormento,
Endefluxou-te algum esquentamento?
Ou em pívias estéreis te cansaste,
Ficando reduzido a inútil traste?
Por ventura do tempo a destra irada
Quebrou-te as forças, envergou-te o colo,
E assim deixou-te pálido e pendente,
       Olhando para o solo,
Bem como inútil lâmpada apagada
Entre duas colunas pendurada?

Caralho sem tesão é fruta chocha,
       Sem gosto nem cheirume,
Linguiça com bolor, banana podre,
       É lampião sem lume,
       Teta que não dá leite,
Balão sem gás, candeia sem azeite.

       Porém não é tempo ainda
              De esmorecer,
       Pois que teu mal ainda pode
              Alívio ter.

Sus, ó caralho meu, não desanimes,
Que inda novos combates e vitórias
       E mil brilhantes glórias
A ti reserva o fornicante Marte,
Que tudo vencer pode co’engenho e arte.

Eis um santo elixir miraculoso,
       Que vem de longes terras,
       Transpondo montes, serras,
E a mim chegou por modo misterioso.

Um pajé sem tesão, um nigromante
       Das matas de Goiás,
       Sentindo-se incapaz
De bem cumprir a lei do matrimônio,
       Foi ter com o demônio,
       A lhe pedir conselho
Para dar-lhe vigor ao aparelho,
       Que já de encarquilhado,
       De velho e de cansado,
Quase lhe sumia entre o pentelho.
À meia-noite, à luz da lua nova,
Co’os manitós falando em uma cova,
Ao som de atroz conjuro e negra praga,
       Compôs esta triaga
De plantas cabalísticas colhidas
por suas próprias mãos às escondidas.

Esse velho pajé de piça mole,
       Com uma gota desse feitiço,
Sentiu de novo renascer os brios
       De seu velho chouriço!

       E ao som das inúbias,
       Ao som do boré,
       Na taba ou na brenha,
       Deitado ou de pé,
       No macho ou na fêmea,
       De noite ou de dia,
       Fodendo se via
       O velho pajé!

       Se acaso ecoando
       Na mata sombria,
       Medonho se ouvia
       O som do boré
       Dizendo: – “Guerreiros,
       Ó vinde ligeiros,
       Que à guerra vos chama
       Feroz aimoré”,
       – Assim respondia
       O velho pajé,
       Brandindo o caralho,
       Batendo c’o pé:
       – “Mas neste trabalho,
       Dizei, minha gente,
       Mais forte quem é?
       Quem vibra o marsapo
       Com mais valentia?
       Quem conas enfia
       Com tanta destreza?
       Quem fura cabaços
       Com mais gentileza?”

       E ao som das inúbias,
       Ao som do boré,
       Na taba ou na brenha,
       Deitado ou de pé,
       No macho ou na fêmea,
       Fodia o pajé.

       Se a inúbia soando
       Por vales e outeiros,
       À dança sagrada
       Chamava os guerreiros,
       De noite ou de dia,
       Ninguém jamais via
       O velho pajé,
       Que sempre fodia
       Na taba ou na brenha,
       No macho ou na fêmea,
       Deitado ou de pé,
       E o duro marsapo,
       Que sempre fodia,
       Qual rijo tacape
       A nada cedia!

       Vassoura terrível
       Dos cus indianos,
       Por anos e anos
       Fodendo passou,
       Levando de rojo
       Donzelas e putas,
       No seio das grutas
       Fodendo acabou!
       E com sua morte
       Milhares de gretas
       Fazendo punhetas
       Saudosas deixou...

Feliz caralho meu, exulta, exulta!
Tu que aos conos fizeste guerra viva,
E nas guerras de amor criaste calos,
       Eleva a fronte altiva;
Em triunfo sacode hoje os badalos;
Alimpa esse bolor, lava essa cara,
       Que a Deusa dos amores,
       Já pródiga em favores,
Hoje novos triunfos te prepara.
       Graças ao santo elixir
       Que herdei do pajé bandalho,
       Vai hoje ficar em pé
       O meu cansado caralho!
       Vinde, ó putas e donzelas,
       Vinde abrir as vossas pernas
       Ao meu tremendo marsapo,
       Que a todas, feias ou belas,
       Com caralhadas eternas
       Porei as cricas em trapo...
       Graças ao santo elixir
       Que herdei do pajé bandalho,
       Vai hoje ficar em pé
       O meu cansado caralho!

       Sus, caralho! Este elixir
       Ao combate hoje te chama
       E de novo ardor te inflama
       Para as campanhas do amor!
       Não mais ficarás à-toa
       Nesta indolência tamanha,
       Criando teias de aranha,
       Cobrindo-te de bolor...

       Este elixir milagroso,
       O maior mimo da terra,
       Com uma só gota encerra
       Quinze dias de tesão...
       Do macróbio centenário
       Ao esquecido marsapo,
       Que já mole como um trapo,
       Nas pernas balança em vão,
       Dá tal força e valentia
       Que só com uma estocada
       Põe a porta escancarada
       Do mais rebelde cabaço,
       E pode um cento de fêmeas
       Foder de fio a pavio,
       Sem nunca sentir cansaço...

       Eu te adoro, água divina,
       Santo elixir da tesão,
       Eu te dou meu coração,
       Eu te entrego a minha porra!
       Faze que ela, sempre tesa,
       E em tesão sempre crescendo,
       Sem cessar viva fodendo,
       Até que fodendo morra!

       Sim, faze que este caralho,
       Por tua santa influência,
       A todos vença em potência,
       E, com gloriosos abonos,
       Seja logo proclamado
       Vencedor de cem mil conos...
       E seja em todas as rodas
       D’hoje em diante respeitado
       Como herói de cem mil fodas,
       Por seus heróicos trabalhos,
       Eleito – rei dos caralhos!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A origem do mênstruo

Bernardo Guimarães (1825-1884)


(De uma fábula inédita de Ovídio, achada nas escavações de Pompeia
e vertida em latim vulgar por Simão de Nântua.)

’Stava Vênus gentil junto da fonte
              Fazendo o seu pentelho,
Com todo o jeito, p’ra que não ferisse
              Das cricas o aparelho.

Tinha que dar o cu naquela noite
              Ao grande pai Anquises,
O qual, com ela, se não mente a fama,
              Passou dias felizes...

Rapava bem o cu, pois resolvia
              Na mente altas ideias:
– Ia gerar naquela heróica foda
              O grande e pio Eneias.

Mas a navalha tinha o fio rombo,
              E a deusa, que gemia,
Arrancava os pentelhos e, peidando,
              Caretas mil fazia!

Nesse entretanto a ninfa Galateia,
              Acaso ali passava,
E vendo a deusa assim tão agachada,
              Julgou que ela cagava...

Essa ninfa travessa e petulante
              Era de gênio mau,
e por pregar um susto à mãe do Amor
              Atira-lhe um calhau...

Vênus se assusta. A branca mão mimosa
              Se agita alvoroçada,
E no cono lhe prega (oh! caso horrendo!)
              Tremenda navalhada.

Da nacarada cona, em sutil fio,
              Corre purpúrea veia,
E nobre sangue do divino cono
              as águas purpureia...

(É fama que quem bebe dessas águas
              Jamais perde a tesão
E é capaz de foder noites e dias,
              Até no cu de um cão!)

– “Ora porra” – gritou a deusa irada,
              E nisso o rosto volta...
E a ninfa, que conter-se não podia,
              Uma risada solta.

A travessa menina mal pensava
              Que, com tal brincadeira,
Ia ferir a mais mimosa parte
              Da deusa regateira...

– “Estou perdida!” – trêmula murmura
              A pobre Galateia,
vendo o sangue correr do róseo cono
              Da poderosa deia...

Mas era tarde! A Cípria, furibunda,
              Por um momento a encara,
E, após instantes, com severo acento,
              Nesse clamor dispara:

“Vê! Que fizeste, desastrada ninfa,
              Que crime cometeste!
Que castigo há no céu, que punir possa
              Um crime como este?!

Assim, por mais de um mês inutilizas
              O vaso das delícias...
E em que hei de gastar das longas noites
              As horas tão propícias?

Ai! Um mês sem foder! Que atroz suplício...
              Em mísero abandono,
Que é que há de fazer, por tanto tempo,
              Este faminto cono?...

Ó Adônis! Ó Júpiter potentes!
              E tu, Mavorte invito!
E tu, Aquiles! Acudi de pronto
              Da minha dor ao grito!

Este vaso gentil que eu tencionava
              Tornar bem fresco e limpo
Para recreio e divinal regalo
              Dos deuses do Alto Olimpo.

Vede seu triste estado, ó! Que esta vida
              Em sangue já se esvai-me!
Ó Zeus, se desejais ter foda certa
              Vingai-vos e vingai-me!

Ó ninfa, o cono teu sempre atormente
              Perpétuas comichões,
E não aches jamais quem nele queira
              Vazar os seus colhões...

Em negra podridão imundos vermes
              Roam-te sempre a crica
E à vista dela sinta-se banzeira
              A mais valente pica!

De eterno esquentamento flagelada,
              Verta fétidos jorros,
Que causem tédio e nojo a todo mundo,
              Até mesmo aos cachorros!”

Ouviu-lhe estas palavras piedosas
              Do Olimpo o Grão Tonante,
Que em pívia ao sacana do Cupido
              Comia nesse instante...

Comovido no íntimo do peito,
              Das lástimas que ouviu,
manda ao menino que, de pronto, acuda
              À puta que o pariu...

Ei-lo que, pronto, tange o veloz carro
              De concha alabastrina,
Que quatro aladas porras vão tirando
              Na esfera cristalina.

Cupido que as conhece e as rédeas bate
              Da rápida quadriga,
Co’a voz ora as alenta, ora co’a ponta
              Das setas as fustiga.

Já desce aos bosques, onde a mãe, aflita,
              Em mísera agonia,
Com seu sangue divino o verde musgo
              De púrpura tingia...

No carro a toma e num momento chega
              À olímpica morada,
Onde a turba dos deuses, reunida,
              A espera consternada!

Já Mercúrio de emplastros se a aparelha
              Para a venérea chaga,
Feliz porque naquele curativo
              Espera certa a paga...

Vulcano, vendo o estado da consorte,
              Mil pragas vomitou...
Marte arranca um suspiro que as abóbadas
              Celestes abalou...

Sorriu o furto a ciumenta Juno,
              Lembrando o antigo pleito,
E Palas, orgulhosa lá consigo,
              Resmoneou: – “Bem-feito!”

Coube a Apolo lavar dos roxos lábios
              O sangue que escorria,
E de tesão terrível assaltado,
              Conter-se mal podia!

Mas, enquanto se faz o curativo,
              Em seus divinos braços,
Jove sustém a filha, acalentando-a
              Com beijos e com abraços.

Depois, subindo ao trono luminoso,
              Com carrancudo aspeto,
E erguendo a voz troante, fundamenta
              E lavra este DECRETO:

– “Suspende, ó filha, os lamentos justos
              Por tão atroz delito,
Que no tremendo Livro do Destino
              De há muito estava escrito.

Desse ultraje feroz será vingado
              O teu divino cono,
E as imprecações que fulminaste
              Agora sanciono.

Mas, inda é pouco: – a todas as mulheres
              Estenda-se o castigo
para expiar-te o crime que esta infame
              Ousou para contigo...

Para punir tão bárbaro atentado,
              Toda humana crica,
De hoje em diante, lá de tempo em tempo,
              Escorra sangue em bica...

E por memória eterna chore sempre
              O cono da mulher,
Com lágrimas de sangue, o caso infando,
              Enquanto mundo houver...”

Amém! Amém! com voz atroadora
              Os deuses todos urram!
E os ecos das olímpicas abóbadas,
              Amém! Amém! sussurram...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Obra-prima

Cairo Assis Trindade


Nada mais divino
do que um caralho
         e uma buceta
                       se fodendo,
as bundas mexendo
e a porra escorrendo
                       gostoso...

Nada mais maravilhoso
do que dois corpos em um
            instante de gozo.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Moralidade

Théophile Gautier (1811-1872)



Menina, sê ardente,

     Mas prudente,

Se sentires calores

     Sedutores

Embaixo do teu ventre.

     Que não entre

Tua flor de donzela

     Uma vela,

Pois logo o castiçal

     – Por teu mal –

Lhe iria atrás, matreiro,

     Quase inteiro.

Em templo tão estreito,

     Vá com jeito

Teu dedo em sua gana,

     E a membrana

Só rompa, do hímen teu,

     O himeneu.


(Trad. José Paulo Paes)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Cama suada

Danielle Mariam


Nada melhor
que uma boa transa

sentir
as entranhas encharcadas de esperma
a alma atolada de orgasmos
a boca calada por beijos
a pele impregnada de desejos

ouvir
sacanagens sussurradas no ouvido
gritos
choros
gemidos

entra e sai desesperados
braços
pernas
corpos desencontrados

Teu cheiro

Danielle Mariam


Brinca comigo o teu cheiro
envolvendo-me
masturbando-me
suicidando-me

Cheiro bom de pele molhada
suada depois da transa
gosto de pele curtida de sol
curtida por mim

Enrosca em mim o teu cheiro
penetra meus poros abertos
e fere como chibata
             minha tarde

pálida e morna tarde

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Primeira canção à bunda

Nei Leandro de Castro


Mundo dividido
em dois hemisférios, mundo
cortado por um suave regato
e um poço profundo.
Animal semovente
animalzinho
que se arrepia
ao menor carinho.
Cálice redondo, invertido
embalado nas sedas
do vestido.
Todas as bundas:
a da Raimunda,
a feia feliz
que só precisa de plástica
no queixo e no nariz.
A bunda de estrias
da maternidade
que desdobrou fibra por fibra
em tenra idade.
Vê:
a bundinha marcada
pela branca cicatriz
em V
da tanguinha de nada,
virando-se ao sol
como um comestível girassol.
Bunda achatada, tristebunda,
nas cadeiras da burocracia
que jamais terá aumento:
bunda mais-valia.
Bumbum da secretária
particular
que faz o executivo
ejacular.
Bunda fabricada
de silicone
do andrógino que uiva
insone, à procura
do fuzileiro naval
que tem maus modos
mas não faz mal.
Bunda mulata, abundante
orgulho de qualquer amante.
Bunda incrível, mágica
irreal, cheia de arte,
que faz o velho sátiro
morrer de enfarte.
Bunda negra, negritude,
de ébano, dura,
natureza viva
sob a negra moldura.

Bunda, glútea redoma
que guarda todo o fogo
de Sodoma.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A língua lambe

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.

E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,

entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Bacante I

.
Anibal Beça (1946-2009)


O mar lava a concha cava
e cava concha lava o mar
como a língua limpa lava
tua concha antes de amar.

Delírio da estrela-d’alva
mistério da preamar
vinda e volta abrindo a aldrava
da concha do paladar.

Oh minhas parcas de mel!
Eu me afogo em mar de vinho
à espera de algum batel.

Sou cantador de cordel:
estórias sabor marinho
bacantes da moscatel.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A embocadura

.
Giuseppe Belli (1791-1863)


Que esfregões, gemidos, desbaratos!
Que arremessos a seco, numa enfiada!
Todos no alvo, por Cristo, desde a entrada:
Ficam bufando os dois como dois gatos.

Olhos vidrados, pior que de insensatos:
Pelo com pelo, boca a boca atada,
E enfia e empurra e bate sem parada;
Vai e vem, põe e tira num só ato.

Descalabro se um pouco mais durasse!
Chegada a brincadeira ao seu final,
Ficamos feito pedras, inconscientes.

É muito bom foder! Mas o ideal
Seria nos tornarmos realmente
Gertrudes toda cona e eu todo pau.


(Trad. José Paulo Paes)

Voyeurs desde o Natal de 2009